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REVIEW: Hades II: A Dança Eterna entre o Tempo e a Morte

Uma sequência que não apenas honra o trono, mas o redecora com magia e sangue.

Completar Hades II não foi apenas uma questão de reflexos rápidos ou “builds” otimizadas. Foi uma imersão de mais de 50 horas em um ciclo viciante de tentativas, erros e descobertas narrativas. A Supergiant Games conseguiu de novo: pegar a perfeição do primeiro jogo e expandi-la de uma forma que parece nova, mas acolhedora como voltar para casa.

Então, quando os créditos finais subiram, e vou te contar, eles demoram a chegar de verdade com a delicia que é o ”endgame” e a sensação não foi de alívio, mas de gratidão. É uma daquelas obras que respeitam o tempo do jogador (e até a habilidade dele), entregando qualidade a cada segundo investido. Se o primeiro jogo foi sobre fugir de casa, este é sobre a dor e a responsabilidade de tentar voltar para salvá-la.

OBS. Alternei entre a versão da Steam e a versão para Switch 2 com a incrível e maravilhosa opção de progressão cruzada com a integração dos saves na nuvem.

Arte e Mitologia Viva

Visualmente, Hades II é deslumbrante. A direção de arte mantém o estilo de “história em quadrinhos viva” que consagrou o primeiro jogo, mas com uma paleta nova, mais mística e sombria. O design dos deuses olímpicos exala personalidade e estilo, enquanto os novos cenários, desde a profundidade de Oceanis até os Campos de Luto, parece que foram pintados com um cuidado que beira o obsessivo. Surreal!

A trilha sonora merece destaque absoluto. As faixas vocais são de arrepiar e ditam o ritmo da batalha, criando uma atmosfera que fica oscilando entre a melancolia da Melinoe e o frenesi do combate. A dublagem é brilhante, dando vida e peso a cada diálogo, tornando cada interação na Encruzilhada (o novo hub) um momento de respiro necessário e prazeroso tipo as salinhas de Resident Evil e os bonfires de Dark Souls.

Um Combate Enfeitiçante

Se você vem do primeiro jogo, a memória muscular vai ajudar, mas não vai achando que será a mesma coisa, Melinoe não é Zagreus. O combate aqui é diferente. A introdução de mecânicas de bruxaria, como os ataques Omega e os Hexes (feitiços lunares), adiciona uma camada estratégica deliciosa. Sem contar o sistema de cartas e domínio arcano que adiciona ”buffs” e outras ”cositas” mais!

Lembra a satisfação de acertar o timing perfeito em jogos de ação clássicos? Hades II traz isso de volta. O uso das Armas Noturnas então, ah que belezinha, especialmente a fluidez das Láminas Gemeas ou o peso esmagador do Machado Lunátreo garantem que cada “run” tenha um sabor e estilo totalmente único. O sistema de invocação é mais integrado e dinâmico, exigindo que você gerencie magia e se posicione de forma eficiente, não apenas esmague botões (o que ainda é possivel e gostoso demais). De qualquer forma, acredito que por conta de uma certa complexidade e adição dos novos sistemas algumas pessoas se sintam perdidas, especialmente aquelas que não tem muito costume de jogar esse gênero.

Uma Jornada Cheia de Reencontros

A narrativa é sensacional e avança organicamente, como de costume, falhando ou vencendo. A premissa de enfrentar Kronos para salvar sua família, carrega um peso emocional diferente da rebeldia adolescente do primeiro jogo (mulheres amadurecem mais rápido que homens até no submundo?). Ver a Casa de Hades transformada e reencontrar figuras conhecidas sob novas (e muitas vezes tristes) circunstâncias deixa a gente com o coração apertado.

A estrutura roguelike aqui serve à história, e não o contrário. Cada morte é uma lição, cada retorno à base é uma oportunidade de aprofundar laços com personagens incrivelmente humanos (mesmo sendo deuses ou espíritos). É impossível não se importar com o destino dessa família ”tradicional submundana”.

Acessibilidade e Performance

Tecnicamente, o jogo é impecável. Rodei lisinho, sem bugs ou quedas de frame, mesmo nos momentos de caos visual intenso (estável em 2K UW 120 FPS no PC e 1080 120fps no Switch 2 docado). A Supergiant também brilha na acessibilidade. O jogo é desafiador, sim, mas justo. E para quem quer focar na história ou está tendo dificuldades motoras, as opções de personalização e o retorno do Modo Divino (ajuda progressiva) garantem que até mesmo a galera mais casual, CLT que não tem muito tempo pra dedicar, consiga jogar e apreciar esse jogaço que é Hades II!


Dicas Rápidas (Sem Spoilers)

Se você vai começar sua jornada para ”platinar” Hades II, aqui vão as dicas essenciais para otimizar seu tempo e evitar “grind” desnecessário no futuro:

  • Priorize as Ferramentas de Coleta: Assim que liberar a Encruzilhada, foque em desbloquear a Picareta e a Pá. Recursos são vitais para encantamentos que facilitam a vida.
  • Não ignore os NPCs: Diferente de outros jogos onde o diálogo é “filler”, aqui ele avança a trama e libera itens essenciais. Fale com todos, sempre. Presenteie Néctar cedo para garantir as lembrancinhas.
  • Atenção aos “Testamentos da Noite”: Após fechar a campanha principal, esse sistema (similar ao Pact of Punishment) será seu foco. Não tenha medo de experimentar os modificadores cedo para se acostumar com a dificuldade elevada.
  • Plantio Constante: Use os jardins na Encruzilhada sempre que voltar de uma run. O tempo de crescimento conta por “encontros”, então mantenha o ciclo ativo para não faltar ervas no endgame.

Depois de derrotar Kronos pela primeira vez, não pare. O jogo tem muito, mas MUITO mais a oferecer. Se você vem do primeiro jogo sabe bem do que estou falando!

Hades II é uma obra-prima que consegue a façanha de expandir a perfeição do original. Com uma direção de arte deslumbrante e um combate que mistura magia e precisão técnica, o jogo entrega uma narrativa emocionante sobre família e sacrifício. É uma experiência viciante que respeita o tempo do jogador e consagra a Supergiant Games no topo do gênero.
98º
98º
HOT TAKE: Fervente

- Narrativa:

Profunda e Imersiva

- Combate:

Intenso e Viciante

- Trilha sonora:

Única e Contagiante

- Diversão:

Constante e Satisfatória

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