Hideo Kojima conseguiu novamente entregar uma obra singular e emocionalmente potente. Death Stranding 2 não apenas refina tudo o que o primeiro jogo ofereceu, como também expande suas possibilidades com uma maestria impressionante. O resultado é uma jornada contemplativa, cheia de significado, que te convida a desacelerar, observar e se conectar – com o mundo, com os personagens e com outros jogadores.
Narrativa densa e personagens inesquecíveis
A história de Sam, Fragile, Lou e tantos outros personagens é ainda mais envolvente, cheia de camadas filosóficas e humanas. Kojima entrelaça ficção científica, drama e questões existenciais de forma ousada, mas coesa. Cada nova conexão, cada entrega, te aproxima das respostas – ou pelo menos da necessidade de buscá-las. A trama instiga a curiosidade e faz você querer seguir em frente não só pelo progresso, mas porque as dúvidas vão crescendo e se amarrando de maneira surpreendente.
As atuações são impecáveis. Você se apega naturalmente aos personagens – até mesmo a alguns antagonistas, tamanha a carga emocional e o carisma que carregam. O roteiro, como de costume, é denso e cheio de viradas marcantes, mas nunca perde o coração da narrativa: a reconexão como cura para o trauma, a solidão e o medo da extinção.

Gameplay refinado e cheio de possibilidades
Em termos de jogabilidade, tudo foi aprimorado. A locomoção ganhou ferramentas e recursos que tornam as entregas muito mais dinâmicas e estratégicas. O combate corpo a corpo foi completamente revisado e agora oferece habilidades que realmente fazem diferença. Você pode optar por uma abordagem direta ou furtiva, e essa liberdade dá ao jogador um controle tático bastante satisfatório.
As armas, os veículos, os equipamentos – tudo está mais intuitivo e criativo, com foco em melhorar a qualidade de vida do jogador sem comprometer a essência da experiência. Cada entrega é uma pequena missão cheia de possibilidades, improviso e engenhosidade.

O elo silencioso entre jogadores
O sistema de cordão social é, sem dúvida, um dos pontos mais geniais da série. Compartilhar estruturas com outros jogadores, ver que elas estão sendo usadas, curtidas e até otimizadas por desconhecidos é absurdamente gratificante. Essa interação assíncrona transforma o ato de construir em algo com propósito, alimentando o senso de comunidade que é central para o jogo.
Mesmo sem ver ninguém diretamente, Death Stranding 2 consegue te fazer sentir parte de algo maior. Ajudar, ser ajudado, deixar um caminho mais fácil para alguém – tudo isso se transforma em motivação pra seguir em frente.

Visual deslumbrante e imersão total
Graficamente, o jogo é um espetáculo. A Decima Engine mostra sua força com biomas variados e uma fidelidade visual impressionante. As expressões faciais dos personagens são absurdamente realistas, transmitindo emoção até em silêncios. Joguei no PS5 Pro no modo desempenho e a experiência foi extremamente fluida, sem bugs e com apenas um crash durante toda a campanha.
O design de mundo também contribui para o aspecto contemplativo do jogo. Muitos trechos são momentos de pura imersão, em que a trilha sonora entra no momento certo, te fazendo refletir enquanto você simplesmente caminha, observa e sente o ambiente ao redor.

Uma jornada que se estende além do final
Finalizei minha campanha com 160 horas no contador, e não porque precisei de tudo isso para conquistar a platina. Eu simplesmente me vi imerso naquele mundo, me deleitando em construir estradas, pontes, tirolesas e abrigos para outros jogadores. Era prazeroso ver o impacto das minhas ações e como elas facilitavam a jornada alheia.
Essa é a mágica de Death Stranding 2. É um jogo sobre reconexão, empatia e propósito. E, acima de tudo, sobre a beleza do esforço coletivo, mesmo que silencioso.
Se você curtiu o primeiro jogo, vai se apaixonar por essa sequência. E se ainda não deu uma chance à franquia, este pode ser o momento ideal para embarcar nessa travessia única, contemplativa e inesquecível.