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E esse tal de efeito Silksong?

O Efeito Silksong: quando silêncio, paciência e paixão se tornam uma revolução indie

Hollow Knight: Silksong sempre foi mais do que apenas uma sequência esperada. Ele se tornou quase um mito, um ponto de encontro entre jogadores, criadores de conteúdo e fãs que há anos se alimentam de teorias, rumores e até memes diários sobre a ausência de novidades. Mas na Gamescom 2025, esse mito ganhou forma: a Team Cherry não apenas trouxe uma data de lançamento, como também disponibilizou um demo jogável nos estandes da Nintendo e Xbox. Foi como presenciar um eclipse raro, tipo um momento que parecia improvável, mas que todos esperavam em silêncio.

O curioso é que esse silêncio não foi descuido ou despreparo. Foi uma escolha. Enquanto muitas produtoras seguem a cartilha do marketing constante, alimentando expectativas semana após semana, a Team Cherry decidiu fazer o oposto: desapareceu. Desde 2019, praticamente não ouvimos nada sobre Silksong. E isso só fez a chama da expectativa crescer.

Esse “Efeito Silksong” nasce de uma filosofia rara na indústria. William Pellen e Ari Gibson, os dois corações da Team Cherry, preferiram permanecer pequenos, focados e unidos. Nada de transformar o estúdio em uma megaempresa cheia de departamentos e reuniões. Eles escolheram continuar sendo artesãos do videogame, cuidando de cada detalhe com calma, sem prazos sufocantes, sem a necessidade de “virar gerente” ou perder de vista aquilo que os move: simplesmente fazer um jogo.

E agora que finalmente estou jogando Silksong, posso dizer: a espera valeu. Estou maravilhado com o gameplay refinado, com o cuidado em cada animação, com as referências escondidas e os segredos que surgem a cada canto. É uma sensação rara de descoberta, daquela que faz você querer explorar cada canto do mapa sem pressa, apenas pelo prazer de se perder no mundo criado pela Team Cherry.

E o resultado dessa decisão é claro. Silksong não apenas mantém a essência de Hollow Knight, mas a expande de uma forma quase poética. A promessa feita em 2019 de centenas de inimigos virou realidade – são mais de 200, cada um com seu estilo, sua personalidade, seu desafio. Cada mecânica parece surgir naturalmente, fruto de um processo em que a diversão do jogador e a alegria de criar caminham juntas.

Enquanto outras empresas se perdem em crunch, reestruturações e prazos inalcançáveis, a Team Cherry segue um caminho diferente, quase ingênuo, e talvez por isso tão revolucionário. Eles mostraram que crescer nem sempre significa contratar mais gente ou inflar orçamentos. Crescer, para eles, é manter a integridade, confiar no próprio ritmo e entregar algo que faça sentido para si mesmos e para os jogadores.

O mais impressionante é que essa escolha não os afastou do sucesso, pelo contrário. A confiança da comunidade permanece intacta porque, mesmo atrasando prazos, a Team Cherry sempre entrega o que promete. E mais: entrega com generosidade. Silksong chega para todas as plataformas, inclusive com versões DRM-free, algo que muitos estúdios grandes ainda evitam.

No fim, o verdadeiro impacto de Silksong vai além do jogo em si. Ele mostra que ainda existe espaço para equipes pequenas desafiarem as regras da indústria e vencerem. Mostra que paixão e paciência podem ser mais poderosas do que qualquer campanha milionária. E mostra que, às vezes, o silêncio pode dizer muito mais do que qualquer trailer.

O “Efeito Silksong” é isso: a prova de que videogames ainda podem ser criados com alma, com calma e com o tipo de amor que só quem joga consegue reconhecer de imediato.

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