Eriksholm: The Stolen Dream foi desenvolvido pelo estúdio sueco River End Games, que já acerta de primeira na sua estreia no mundo dos videogames. O ano de 2025 trouxe boas surpresas com jogos indies alavancando debates calorosos e, mais do que tudo, nos proporcionando o que mais gostamos: diversão. Embora não tenha alcançado o mesmo patamar que outros jogos nas interações das redes sociais, Eriksholm é uma joia, lapidada por apenas 18 pessoas.
Olha essa isometria!
A cidade fictícia de Eriksholm é influenciada pela arquitetura escandinava da era industrial, época que inspirou o jogo. A perspectiva isométrica brilha ao retratar essa ambientação, me lembrando do porquê gosto de subir em torres e mirantes para ter visão panorâmica das cidades que visito. É possível percorrer o cenário deslizando a câmera, algo que sempre quis fazer em jogos isométricos. Só que além de ajudar na estética das belas fotos que tirei, essa funcionalidade é essencial para a estratégia do combate.

Seja discreto
Nós conduzimos a protagonista Hanna na busca pelo seu irmão, que estranhamente desaparece após a polícia invadir a casa à sua procura. Ela contará com a ajuda de duas pessoas do seu passado como órfã nas ruas de Eriksholm: Alva e Sebastian. Temos então um trio formado por uma criança e dois adultos que não possuem armas mortais numa corrida contra militares. É a composição perfeita para um jogo no qual a furtividade transforma o combate num quebra-cabeça onde você deve descobrir a forma de prosseguir.
Cada personagem possui uma arma incapacitante e um jeitinho especial de se embrenhar pelo território inimigo. Você não pode deixar nenhum vestígio de que esteve por ali: até mesmo se um guarda desacordado no chão for avistado por outro, é preciso refazer tudo. É bastante divertido e satisfatório conseguir avançar, sendo essencial analisar o campo completo com a citada movimentação da câmera e muitas vezes tendo que utilizar peças e pessoas que compõem o cenário.

Seja esperto
O mistério da história me prendeu e é muito bem complementado pelos diferentes lugares pelos quais passamos e pela atmosfera ao mesmo tempo repressora e revolucionária do jogo. A trilha sonora ajuda ao trazer um lindo tema principal e nos lembra com batidas ritmadas de martelo que os tempos são das máquinas, do vapor e da exploração. Há bilhetes e cartões desenhados em refinada arte que ajudam a entender o contexto desse mundo imaginado, mas tão próximo. Temos assim o cansado lamento dos trabalhadores, (des)informações sobre a doença que assola o reino e vislumbres das benesses que os mais favorecidos podem desfrutar. A versão física de PS5 traz lindas cartas que simulam esses colecionáveis.
O final me pareceu confuso e apressado considerando-se a qualidade do que foi apresentado antes. Todavia, o sentimento que fica é o da imensa alegria que vem como recompensa ao se resolver os combates. E não se engane: a furtividade dá o tom, mas há momentos magníficos que podemos considerar como “boss fights”, onde qualquer erro não leva à sua descoberta, mas à sua fulminante morte.

Veredito
A atriz Lucy Griffiths que faz Alva concorre a melhor atuação coadjuvante e a trilha sonora do jogo está entre as indicadas na premiação Golden Joystick Awards. A platina é orgânica e gostosa, sendo facilitada pela seleção não só de capítulos, mas de cada subparte do capítulo. Levei 10h para terminá-lo. Eriksholm: The Stolen Dream está disponível para PS5, Xbox Series e PC e tem localização em português.
É uma pena que o jogo não tenha tido ainda mais atenção, pois oferece uma experiência furtiva estratégica que te prende, fascina e gratifica na mesma dose.
Uma resposta
fiquei real com vontade de jogar, belo texto. Parabéns Ju e galera do site.