Um retorno à era de ouro dos arcades, mas com o peso e a brutalidade da nova geração.
Esmagar botões em Marvel Cosmic Invasion pode parecer divertido nos primeiros cinco minutos, mas dominar esse jogo é uma lição de ritmo e respeito ao combate. O que temos aqui não é apenas mais um jogo ”esmaga botões” para colocar o cérebro no freezer, mas uma carta de amor aos beat ‘em ups clássicos, refinada com uma precisão técnica que a Dotemu e a Tribute Games nos presenteia e que promete consumir horas dos fãs da Marvel e do estilo.
A “dança” do combate, a troca frenética de heróis e a busca pelo combo infinito já mostram que a jogatina será deliciosa, especialmente pra curtir com os amigos.

Narrativa da Guerra Intergaláctica
A história me colocou no centro da batalha cósmica contra o Aniquilador. Ele lançou um ataque sem precedentes que deixa toda a vida na galáxia por um fio. Foi bacana demais controlar Nova, Homem-Aranha, Wolverine, Phyla-Vell e o Capitão América lado a lado contra a Onda de Aniquilação. Isso traz um peso necessário para a narrativa do jogo.
A jornada me levou de uma ponta a outra do universo Marvel. Começamos nas ruas familiares de Nova York e fomos até as profundezas da Zona Negativa.
É uma aventura que lembra o final de tarde de sábado na casa dos amigos jogando videogame comendo cachorro quente e tomando tubaína, pelo menos foi como me senti.

Campanha com Propósito: A Matrix de Recompensas
O jogo conta com uma campanha e o que poderia ser apenas uma sequência genérica de fases ganha uma camada viciante de profundidade graças ao sistema de progressão. A campanha que conta com 16 fases não te joga aleatoriamente no mundo; ela sugere duplas específicas de heróis para cada estágio, criando desafios de tela que, quando cumpridos, te recompensam com Cubos Cósmicos.
Esses cubos são a chave para preencher a Matrix Cósmica, um sistema de desbloqueio que é puro “fan service” e ”dopamina” para completistas. Cada cubo encaixado destrava algo: desde mods que alteram as regras do modo Arcade e trilhas sonoras, até novas paletas de cores e arquivos da tropa que expandem a lore dos heróis. Tudo está conectado. A campanha mesmo sendo simples se torna uma caçada pelos cubinhos, dando um propósito real a cada desafio e incentivando a rotação de personagens que também ficam mais fortes pois vão ganhando XP e subindo de nível a cada fase concluída.
Na minha percepção achei que as fases são curtas demais e poderiam se esticar um pouco mais, mas talvez seja pelo fato de curtir tanto que não queria que acabassem.

Conexão Total: Crossplay e o Caos Cooperativo
A diversão aqui não conhece fronteiras. O modo cooperativo (local e online) traz de volta aquela bagunça deliciosa das tardes de locadora. Com múltiplos jogadores e quatro heróis na tela, a confusão visual é inevitável, mas é uma confusão nostálgica e extremamente divertida. A estrutura de “drop in/drop out” funciona perfeitamente para sessões casuais. Sem contar que o jogo acerta em cheio ao implementar um ecossistema multiplayer robusto que mistura coop local e online com Crossplay total. Não importa se seu amigo está no PC, PlayStation, Nintendo ou Xbox; a barreira foi quebrada.
Essa integração é uma decisão de design genial que garante que os servidores (e o seu sofá) estejam sempre cheios (quando chegar aquela visita) mantendo a comunidade viva independentemente da plataforma.

A Vibe do Combate
A primeira coisa que você nota é o combate é pesado, que realmente dá pra sentir. Temos ataques carregados, combinação de botões, botão de especial e esquiva/aparar. Esquivar ou aparar são bem legais e adicionam uma camada a mais ao combate. Agora, se você errar um golpe e se comprometer demais, a punição é severa. Existe um tempo de recuperação real nas animações, o que obriga o jogador a entender o espaçamento e o momento certo de ser agressivo. Essa camada de profundidade técnica afasta a repetição e transforma cada luta em uma dança de posicionamento.

Sinergia em Dupla e Espetáculo Visual
O sistema de Tag Team é a cereja do bolo. Levar dois heróis para a batalha e alternar entre eles cria combos que parecem saídos diretamente de Marvel vs. Capcom. A fluidez dessa troca permite configurações estilosas e mantém o ritmo sempre alto. Os Super Golpes são visualmente lindos, mas não funcionam exatamente limpando a tela como estamos acostumados. Eles até causam dano considerável em uma área e vão te tirar de algumas enrascadas, mas não são super apelativos não, o que achei equilibrado.

Arte com Identidade Própria
Na boa, visualmente o jogo é um deleite. A desenvolvedora evitou o erro comum de apenas trocar a “skin” dos personagens e colocar sobre o mesmo esqueleto de animação. Wolverine se move como um animal selvagem, triturando escudos, Venom é pesado e traz um caos simbiótico para a tela, Capitão America pode lançar seu escudo quantas vezes quiser, Homem Aranha pode se balançar na teia sem limites, e a Mulher-Hulk tem animações de arremesso sensacionais. Resumindo, a personalidade de cada herói transborda na jogabilidade, tornando a escolha do time uma decisão tanto estética quanto estratégica para o seu estilo.

O Charme do Tubo
Visualmente o jogo já é lindo, mas o modo CRT (TV de tubo) transforma a experiência ao meu ver. Ele não serve apenas como um filtro barato; ele suaviza os pixels de uma forma sensacional, unindo a arte com aquela textura clássica que os nossos olhos lembram.
Existe ainda a opção de TV de tubo curva, que foi um golpe baixo na minha nostalgia. Ao ativar essa opção, foi impossível não lembrar da TV de madeira da sala e do gabinete arcade no bar do seu Zé. É um detalhe técnico que transcende a estética e toca na memória afetiva, mostrando o carinho dos desenvolvedores com quem cresceu nos arcades.
Coloquei um screenshot para comparar o modo tubo (a esquerda) e o modo pixelado (a direita)

Veredito
Marvel Cosmic Invasion mostra uma evolução gigante do gênero beat ‘em up. Com um elenco vibrante de 15 heróis e animações cheias de personalidade, o jogo oferece um combate baseado em cada herói, em peso e ritmo, fugindo do simples esmagar de botões. É uma experiência cooperativa nostálgica e visualmente impactante, obrigatória para fãs da Marvel e de jogos de ação arcade.